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sábado, 4 de setembro de 2010

Condromalácia Patelar


Você sente ou conhece alguém que sinta uma dor difusa, sutil e latejante no joelho? Localizada nas regiões medial, lateral, retropatelar ou peripatelar? Essa dor se agrava quando você realiza atividades como subir e descer escadas, se agachar, ficar sentado por um tempo prolongado e caminhar em lugares inclinados? Se sim, você pode ser portador de uma patologia conhecida como Condromalácia patelar ou síndrome da dor anterior do joelho. Mas não se assuste com o nome, pois de acordo com Mantovani et al. (2007), a síndrome da dor patelofemoral é definida como uma das afecções mais comuns encaminhadas à clínica médica e desportiva e 70% da dor que é apresentada no joelho pelos clientes é proveniente de um mau funcionamento da articulação fêmuro-patelar, segundo as estatísticas nesta área (ROSA FILHO, et al, 2009).
Você já imaginou que essa dor pode ter iniciado devido a um problema postural ou uma entorse no tornozelo por inversão, por exemplo? Pois é, além dessas, os traumas e microtraumas (danos causados por muitas repetições), variações anatômicas, aumento do ângulo Q, fraqueza muscular, entre outras, fazem parte das principais causas de condromalácia (ROSA FILHO, et al, 2009).
Para entendermos como acontece a patologia vamos falar um pouco da mecânica do joelho. Na verdade, o joelho não é composto por uma única articulação, e sim por três, a tibiofemoral, patelofemoral e tibiofibular superior. Assim, podemos dizer que essas estruturas formam um complexo de articulações, ou seja, o complexo do joelho. A patela é um osso sesamóide que faz a intercessão entre o quadríceps femoral e a tíbia, permitindo assim, a realização da extensão do joelho. Ela serve para aumentar a distância entre a articulação e o ponto onde a força muscular é aplicada (inserção do quadríceps), ou seja, aumenta o braço de força do sistema de alavanca, o que diminui o esforço muscular para a realização do movimento. Por isso ela é considerada um “Pulley Anatômico”. Durante o movimento de extensão do joelho, a patela vai ser tracionada superiormente pelo tendão do quadríceps, e em contra partida, inferiormente pelo tendão patelar. A resultante destas duas forças provoca um deslocamento diferente da patela, trazendo-a de encontro com a fossa intercondiliana do fêmur, aumentando o contato fêmuro-patelar. Isto é fisiológico, natural, principalmente entre 50º e 65º, quando ocorre a nutrição da cartilagem retropatelar, pelo líquido sinovial (efeito esponja) (ROSA FILHO, et al, 2009).
A Síndrome da dor patelofemural se resume a um aumento desse contato entre as superfícies ósseas da petela e do fêmur, onde um osso fica raspando no outro. Dessa forma, essa raspagem causa muita dor e pode acarretar em degeneração da cartilagem. Dependendo da causa, sua fisiopatologia pode ser explicada de diferentes formas. Se por algum motivo você tiver um problema postural e nele apresentar uma retificação da lordose lombar, provavelmente sua pelve se encontrará em retroversão. Assim, o músculo reto femoral, que está inserido na EIAS, será tracionado para cima e puxará com ele a patela, aumentando o contato dela com o fêmur acima do normal. Essa retroversão pélvica também é frquentemente encontrada devido a um encurtamento dos músculos isquiáticos. Isso pode acontecer com os dois ossos ilíacos ou só com um. Nesse caso será encontrada uma torção pélvica posterior ou anterior, no caso de encurtamento exagerado do reto femoral.
De acordo com ROSA FILHO (2009), no mecanismo de entorse por inversão, o tálus se desloca anteriormente, tencionando o ligamento talo-fibular anterior, que por sua vez, vai tencionar a fíbula antero-inferiormente e como conseqüência, a fíbula vai descer, e tracionar o bíceps femoral, que se insere distalmente na cabeça da mesma. Com isso, o bíceps que é um músculo isquiático, bloqueará a pelve em torção posterior, acontecendo da mesma forma como foi explicado anteriormente.
Qualquer problema no joelho acarretará numa hipotrofia dos músculos fásicos. Com essa fraqueza, a patela perderá sua estabilidade dinâmica e ficará instável, ou seja, susceptível a luxações.
Para avaliação e tratamento, sugerimos que se analisem os desníveis das EIAS e da sínfise púbica e verifique se está acontecendo por encurtamento dos isquiáticos ou do reto femoral. Se for pelo primeiro, devem-se fazer alongamentos para a cadeia posterior, e se for pelo segundo, alongamentos para a cadeia anterior. Isso sem esquecer dos recursos eletrofototermicoterápicos para alívio da dor e fortalecimento de quadríceps para melhorar a estabilidade da patela.

Referências
ROSA FILHO, Blair José, Disfunções fêmuro-patelares por retrações musculares. Fisioweb. Disponível em: ttp://www.wgate.com.br/conteudo/medicinaesaude/fisioterapia/traumato/femoro_patelar.htm> Acesso em: 15 jun. 2009

MANTOVANI, Juliane. Análise da prevalência de dor patelofemoral em acadêmicos do curso de educação física. 2007. 7f. Artigo: Rev. Bras.
Fisioter., v. 7, n. 1, 2003, p. 1-8.

THOMPSON, David. Avaliação de pacientes com dor patelo-femoral. Terapia manual. Disponível em: . Acesso em: 15 jun. 2009

Um comentário:

  1. Às vezes eu tenho isso no joelho, mas geralmente passa logo, isso pode ter algum problema futuro Daniel?

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