Segundo um dos fabricantes a pulseira foi criada por uma cientista da NASA e fundamenta-se nos princípios básicos da teoria da física quântica, onde matéria é energia e que a energia forma e cria a matéria. Portanto, basta alterar a energia que logo se vê modificações físicas. O homem é composto por diferentes tipos de energias: mecânica (química, térmica e sonora), eletromagnética (elétrica, magnética e luminosa) e quântica, sendo este um excelente conversor de energia, só não tem consciência disto.
Então basta entrar em contato com o corpo que o efeito é imediato. Os fabricantes prometem o aumento instantâneo do equilíbrio, da flexibilidade, da força, da concentração e do bem-estar, além depromover maior consciência e calma, maior o foco mental, ampliação da resistência e vitalidade, habilidade para lidar com stress e forma mais eficiente, aumento da energia física e desempenho, redução do Jet-lag de doenças e de movimentos, maior qualidade de vida global; grande imunidade natural contras os efeitos negativos gerados por telefones celulares, computadores e outros eletrônicos modernos, diminuição do acúmulo de ácido láctico no músculo, causando uma recuperação mais rápida e menos dor. Mas os resultados variam de pessoa para pessoa.
Esses braceletes começaram a ser utilizados por atletas, com ícones do esporte como o do jogador de basquete Shaquille O’Neal, do jogador de futebol Cristiano Ronaldo ou mesmo do piloto de Fórmula 1 Rubens Barrichello, e logo, artistas foram fotografados com estas tiras de silicone adornadas com holograma como os atores Cauã Reymond, Alexandre Nero, Marcelo Antony, Marcelo Faria e Carol castro, virando uma “febre” no mundo todo.
Porém, no ultimo dia 27 (sexta-feira), a Agência Nacional de Vigilância Sanitária – ANVISAsuspendeu a publicidade das pulseiras bioquânticas. A pulseira original americana da marca Power Balance e a genérica brasileira da marca Life Extreme estão sendo investigadas e deverão ser processadas por publicidade irregular, segundo Ana Paula Massera, gerente de fiscalização de propaganda da Anvisa. E informou que pode proibir o comércio das pulseiras no país.
O que nos chama atenção não é somente a publicidade irregular, mas sim, a falta de argumentos científicos que comprovam a sua eficácia. Apesar das constantes referências a ‘hologramas quânticos’ e ‘campos energéticos’, o professor de Física da Universidade de Coimbra, Carlos Fiolhais, alerta para o fato de estes termos serem “uma confusão de palavras que, embora isoladas, possam, em alguns casos, fazer sentido, no seu conjunto não fazem sentido nenhum”. “O termo ‘energia quântica’ não significa nada. Só existem quatro formas de energia ligadas às quatro forças fundamentais que se conhecem: a gravitacional, a eletromagnética, a nuclear forte e a nuclear fraca. Na teoria quântica – que nos permite entender os constituintes fundamentais da matéria – podem entrar os três últimos tipos de força, mas nada disto tem a ver com pulseiras”. Como tal, “do ponto de vista da Física não há nenhuma razão para acreditar nos efeitos”, adianta outro especialista. Um estudo da Universidade Politécnica de Madrid concluiu: “as pulseiras Power-Balance não apresentam nenhum efeito sobre o equilíbrio”.
Vanderli de Assis, que afirma ter criado o modelo brasileiro e se apresenta como professor de física da Universidade Federal de Minas Gerais (não há registro dele na universidade), diz que o holograma, formado por camadas de magnésio, alumínio, ferro e silício, “emite uma freqüência que gera estabilidade no campo eletromagnético do ser humano”. Assim, o corpo não seria afetado por freqüências externas como ondas de equipamentos eletrônicos, daí o maior equilíbrio do usuário, assim melhorando principalmente o desempenho nas atividades desportivas, embora saibamos que esta só pode ser melhorada com bons treinos, acompanhamento médico, alimentação adequada e bom estilo de vida, e que não há fórmulas milagrosas.
Os seus sites são recheados de depoimentos de usuários relatando a sua experiência com o produto, mas estes podem ser explicados pelo efeito placebo. Por não esquecer a grande influência da mente sobre o nosso corpo reforçada pela convergência social de idéias sobre o artigo milagroso.
Sabemos que essas pulseiras não fazem mal algum ao nosso corpo, mas não sabemos se realmente cumpre o que promete. Muitas pesquisas e testes científicos devem ser realizados antes de lançar um produto no mercado, mas com relação a este produto não encontramos. Por isso é sempre bom ter cuidado em pesquisar e informar-se sobre um produto antes de adquiri-lo.